terça-feira, 30 de novembro de 2004
Cobardia, Coragem e Temeridade
A educação de George Steiner, como devem calcular, foi muito especial. Era de tal modo sui generis que ele um dia, com sete anos, interrogou o seu pai sobre o sentido da mesma. O pai apenas lhe disse: "Tudo o que faço é para que tu nunca venhas a saber o que é uma acção ou um valor bancário. Tudo o que faço é para que um dia sejas um sábio". Importa sublinhar que o pai de Steiner, apesar de economista, lia latim e grego fluentemente... Não tenho filhos, mas se os tivesse gostaria de ter a coragem de lhes poder dizer o mesmo. Nos anos 30 - quando Steiner estava a ser educado - a crise económica era brutal em toda a Europa. Mas, hoje, qualquer pai precisaria de muita coragem (temeridade?) para dizer aquelas palavras.
segunda-feira, 29 de novembro de 2004
Ouvi hoje ao "vivo" Jacqueline du Pré. Todos nós já conhecemos a sua história: aos 28 anos estava no auge da fama como um dos maiores génios musicais. Com essa mesma idade, perde rapidamente a sensibilidade nos dedos e é-lhe diagnosticada esclerose múltipla. O sofrimento foi lento e morrerá aos 42 anos. Esteve casada com Daniel Barenboim, por quem se converteu ao judaísmo. O seu Stradivarius Davidoff foi oferecido a Yo-Yo Ma.Para os gregos antigos, ela teria estado próximo dos deuses... e para nós?
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Yo-Yo Ma
domingo, 28 de novembro de 2004
Mas talvez a mais bela influência da arte de William Morris provenha da cultura celta e do belíssimo livro de Kells, uma das obras-primas da cultura da Irlanda (podem ver "ao vivo" o livro no Trinity College em Dublin).
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sábado, 27 de novembro de 2004
Só hoje me dei conta que William Morris não só traduziu as sagas nórdicas (aqui se vê Sigurd, o proto-Siegfried matando o dragão do Anel), mas, também, "traduziu" a sua arte
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Alegria
"A grande valorização do minuto, a urgência, motivo mais importante da nossa vida, é sem sombra de dúvida o mais perigoso inimigo da alegria. É esboçando um sorriso nostálgico que lemos os idílios e viagens sentimentais de épocas já passadas. Não tinham os nossos avós tempo para tudo? Quando um dia li a écloga de Friedrich Schlegel acerca do ócio, não consegui evitar este pensamento: o quanto não terias tu suspirado se tivesses de fazer o trabalho que nós fazemos! (...) «O mais possível, o mais rápido possível», eis o lema. Resulta daí sempre cada vez mais entretenimento, mas cada vez menos alegria" Hermann Hesse, "Pequenas Alegrias"
E ele escreveu isto em 1899...
E ele escreveu isto em 1899...
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quinta-feira, 25 de novembro de 2004
A História de um Coelho
E assim nasceu o design através da arte de William Morris...Wagner certamente leu as traduções de William Morris das sagas islandesas; o compositor provavelmente nunca imaginou que a história de um coelho marcaria o fim da última cena do Parsifal na versão 2004. William Morris, os Pré-Rafaelitas, os poeta simbolistas, o Parsifal de Wagner, a filosofia de Nietzsche e aí temos, como num ovo da Páscoa, a "Art Nouveau" ou Jugendstil
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domingo, 21 de novembro de 2004
Alma Mater de Filoctetes
"Vou para casa pensando noutro lugar, onde os Verões são aparentemente intermináveis."
Raj Quartet
Filoctetes era um dos pretendentes da bela Helena e, como tal, partiu na expedição para Tróia. Durante a viagem, foi mordido por uma serpente, tendo a ferida infectado o que provocou um cheiro nauseabundo. Os seus gritos lancinantes tornaram-se igualmente insuportáveis. Ulisses, eternamente habilidoso, decidiu abandoná-lo sozinho na ilha de Lemnos, uma terra deserta. Mas, Filoctetes tinha consigo as flechas de Héracles e os gregos precisavam delas para conquistar Tróia. Ulisses retornou à ilha e, uma vez, graças à sua habilidade, obteve maliciosamente as armas do herói. Reza o mito trágico de Sófocles que Filoctetes, acabrunhado, acompanhou Ulisses na viagem a Tróia. A meu ver, este final é apenas uma fantasia para esconder o facto desta história só poder ter um único final, o final de todas as histórias: Filoctetes, uma vez mais abandonado, mas agora despojado das suas armas prodigiosas.
Raj Quartet
Filoctetes era um dos pretendentes da bela Helena e, como tal, partiu na expedição para Tróia. Durante a viagem, foi mordido por uma serpente, tendo a ferida infectado o que provocou um cheiro nauseabundo. Os seus gritos lancinantes tornaram-se igualmente insuportáveis. Ulisses, eternamente habilidoso, decidiu abandoná-lo sozinho na ilha de Lemnos, uma terra deserta. Mas, Filoctetes tinha consigo as flechas de Héracles e os gregos precisavam delas para conquistar Tróia. Ulisses retornou à ilha e, uma vez, graças à sua habilidade, obteve maliciosamente as armas do herói. Reza o mito trágico de Sófocles que Filoctetes, acabrunhado, acompanhou Ulisses na viagem a Tróia. A meu ver, este final é apenas uma fantasia para esconder o facto desta história só poder ter um único final, o final de todas as histórias: Filoctetes, uma vez mais abandonado, mas agora despojado das suas armas prodigiosas.
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sábado, 20 de novembro de 2004
Serenidade
Quando era criança passava horas e horas, senão mesmo dias, vendo fotografias do Lago Dhal em Srinagar. O Lago Dal ou Dhal fica situado num dos maiores paraísos deste planeta e que hoje, por causa da guerra latente entre as "duas Índias", se tornou num Inferno. O que me encantava era o carácter especular da água, como se ele conseguisse apaziguar um pouco esse sentimento que se desprende dos versos do poeta anarquista Ferré : "Écoute, écoute...dans le silence de la mer, il ya comme un balancement maudit qui vous met le coeur à l'heure."
sexta-feira, 19 de novembro de 2004
Riso Constitucional
Hoje comecei o dia a rir...seria óptimo, se a razão não tivesse implicações graves sobre o destino de todos nós. Ao que parece, é esta a questão que vamos responder no referendo sobre a Constituição Europeia:
"Concorda com a Carta de Direitos Fundamentais, a regra das votações por maioria qualificada e o novo quadro institucional da União Europeia, nos termos constantes da Constituição para a Europa?"
Bem dizia Descartes que o bom senso é a qualidade mais bem distribuída, pois não existe ninguém que se ache desprovida dela.
"Concorda com a Carta de Direitos Fundamentais, a regra das votações por maioria qualificada e o novo quadro institucional da União Europeia, nos termos constantes da Constituição para a Europa?"
Bem dizia Descartes que o bom senso é a qualidade mais bem distribuída, pois não existe ninguém que se ache desprovida dela.
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quinta-feira, 18 de novembro de 2004
Segunda nota sobre o quadro de Gauguin
Continuando a recuar no tempo, talvez fosse bom relembrar o velho mito sumério em que Innana (Ishtar), a deusa do amor, se desloca aos confins sombrios da sua irmã, Ereshkigal, a deusa da morte. Poder-se-á ver aqui, se se quiser, um diálogo entre a origem e o fim, mas o que angustiava naturalmente Gauguin era a presença do fim no momento em que tudo deveria começar.
Nota sobre o quadro de Gauguin
Ainda sobre o tema da morte da jovem, provavelmente uma das referências mais antigas da nossa cultura ocidental encontra-se num dos Hinos Homéricos. Refiro-me ao Hino a Deméter (VII a.C.), no qual se narra o rapto da jovem (Perséfone) por Hades (o deus da Morte) quando colhia flores.
Sobre este quadro, disse Gauguin: "se o quiserem ver como um estudo de um nu na Polinésia que o vejam, mas eu quis retratar o paroxismo de terror que ressalta do olhar daquela rapariga". O tema da relação entre a morte e a jovem é um arquétipo recorrente da cultura ocidental desde Schubert, Wagner, Webern até à "Fonte da Virgem" de Bergman no âmbito do cinema.
terça-feira, 16 de novembro de 2004
O Congresso do PSD aprova touradas de morte
Transcrevo um texto de Artur de Aguirre y Mendes, Presidente da Associação de Defesa dos Animais (ANIMAL)
"Em Julho passado escrevi um texto com o título “Santana Lopes, ou o Retrocesso desastroso para os Animais”. Fiz, nesse momento, um exercício honesto e frontal da minha opinião sobre Santana Lopes e o seu universo de colaboradores e a sua relação com os animais. Comecei pelo próprio Santana Lopes, que tentou introduzir a sorte de varas em Portugal (a mais cruel actividade touricida), referi o seu apoio e amizade pelo matador (pessoa que mata) Pedrito de Portugal, de quem foi primeira testemunha no processo a que este toureiro foi submetido após ter morto ilegalmente um touro na arena, continuei pelo seu amigo pessoal, sócio e actualmente Ministro Adjunto, Henrique Chaves, Advogado da Federação Portuguesa de Tiro com Armas de Caça e de todos os clubes de tiro em Portugal – acérrimo defensor do Tiro aos Pombos, e, consequentemente, responsável pela matança * apenas por gozo * de mais de 100.000 animais por ano em Portugal. Não me lembrei, contudo, de Miguel Relvas, Secretário-Geral do PSD, também ele um entusiasta da denominada Festa Brava. [...]
Neste fim de semana, foi aprovada, no congresso do PSD, uma moção na qual se entrega a decisão das touradas de morte às autarquias. Quer isto dizer que cada Câmara Municipal do país decide se faz ou não corridas com sorte de varas e morte do touro na arena. Quer isto dizer que pelo menos 34 autarquias – e isto só agora começou – poderão fazer touradas de morte, como declararam já que iriam fazer. Quer isto dizer que, da forma mais cobarde (“eu, governo, não tenho a culpa, as autarquias é que saberão o que fazem...”), legalizam-se as touradas de morte em Portugal. Quero com isto dizer que, desde que estas “personagens” assumiram o poder – que exercem ao estilo da Velha Senhora –, aproveitam uma maioria absoluta obtida com o apoio do CDS/PP (partido que propôs a legalização de touradas de morte em Barrancos num projecto-lei do agora Ministro do Turismo Telmo Correia, espectador regular de touradas de morte em Espanha), e avançam sem limites para um novo horizonte até agora desconhecido de “evolução civilizacional”. Isto tudo com a visão “profunda e futurista” de Jorge Sampaio, nosso Presidente da República, conhecido aficcionado e a primeira pessoa a dizer em Barrancos que aquela matança deveria ser legalizada.
Esta é a nossa realidade, tão evidente quanto cruel. Este PSD que eu não reconheço em nenhuma das suas vertentes prepara-se para tornar os touros de morte em Portugal legais, seguramente já no próximo ano.
Cada um actuará agora de acordo com a sua consciência. Quais serão agora os limites da pouca vergonha? Para quando a legalização do tiro aos pombos? E, já agora, as lutas de cães e o tráfico de “animais bonitos” como as Panteras ou Tigres de Bengala. E por que não atirar cabras do topo das Igrejas, como em Espanha, e assim dar ao povo circo e vinho verde de forma a distrair as atenções de um futuro tão negro que um potencial processo de recuperação demorará décadas a acontecer!?!...
[...]
Não tenho qualquer dúvida, nenhuma mesmo, que Sá Carneiro não queria que nada disto estivesse a acontecer. Oxalá esta gente se vá embora muito depressa. Urgentemente, até. Os efeitos previstos são, de facto, devastadores.
[...]
Artur de Aguirre y Mendes
Presidente da ANIMAL"
"Em Julho passado escrevi um texto com o título “Santana Lopes, ou o Retrocesso desastroso para os Animais”. Fiz, nesse momento, um exercício honesto e frontal da minha opinião sobre Santana Lopes e o seu universo de colaboradores e a sua relação com os animais. Comecei pelo próprio Santana Lopes, que tentou introduzir a sorte de varas em Portugal (a mais cruel actividade touricida), referi o seu apoio e amizade pelo matador (pessoa que mata) Pedrito de Portugal, de quem foi primeira testemunha no processo a que este toureiro foi submetido após ter morto ilegalmente um touro na arena, continuei pelo seu amigo pessoal, sócio e actualmente Ministro Adjunto, Henrique Chaves, Advogado da Federação Portuguesa de Tiro com Armas de Caça e de todos os clubes de tiro em Portugal – acérrimo defensor do Tiro aos Pombos, e, consequentemente, responsável pela matança * apenas por gozo * de mais de 100.000 animais por ano em Portugal. Não me lembrei, contudo, de Miguel Relvas, Secretário-Geral do PSD, também ele um entusiasta da denominada Festa Brava. [...]
Neste fim de semana, foi aprovada, no congresso do PSD, uma moção na qual se entrega a decisão das touradas de morte às autarquias. Quer isto dizer que cada Câmara Municipal do país decide se faz ou não corridas com sorte de varas e morte do touro na arena. Quer isto dizer que pelo menos 34 autarquias – e isto só agora começou – poderão fazer touradas de morte, como declararam já que iriam fazer. Quer isto dizer que, da forma mais cobarde (“eu, governo, não tenho a culpa, as autarquias é que saberão o que fazem...”), legalizam-se as touradas de morte em Portugal. Quero com isto dizer que, desde que estas “personagens” assumiram o poder – que exercem ao estilo da Velha Senhora –, aproveitam uma maioria absoluta obtida com o apoio do CDS/PP (partido que propôs a legalização de touradas de morte em Barrancos num projecto-lei do agora Ministro do Turismo Telmo Correia, espectador regular de touradas de morte em Espanha), e avançam sem limites para um novo horizonte até agora desconhecido de “evolução civilizacional”. Isto tudo com a visão “profunda e futurista” de Jorge Sampaio, nosso Presidente da República, conhecido aficcionado e a primeira pessoa a dizer em Barrancos que aquela matança deveria ser legalizada.
Esta é a nossa realidade, tão evidente quanto cruel. Este PSD que eu não reconheço em nenhuma das suas vertentes prepara-se para tornar os touros de morte em Portugal legais, seguramente já no próximo ano.
Cada um actuará agora de acordo com a sua consciência. Quais serão agora os limites da pouca vergonha? Para quando a legalização do tiro aos pombos? E, já agora, as lutas de cães e o tráfico de “animais bonitos” como as Panteras ou Tigres de Bengala. E por que não atirar cabras do topo das Igrejas, como em Espanha, e assim dar ao povo circo e vinho verde de forma a distrair as atenções de um futuro tão negro que um potencial processo de recuperação demorará décadas a acontecer!?!...
[...]
Não tenho qualquer dúvida, nenhuma mesmo, que Sá Carneiro não queria que nada disto estivesse a acontecer. Oxalá esta gente se vá embora muito depressa. Urgentemente, até. Os efeitos previstos são, de facto, devastadores.
[...]
Artur de Aguirre y Mendes
Presidente da ANIMAL"
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segunda-feira, 15 de novembro de 2004
domingo, 14 de novembro de 2004
sábado, 13 de novembro de 2004
sexta-feira, 12 de novembro de 2004
Rodin
Hoje que estamos virados para as efemérides, que tal uma visita ao museu Rodin? Rodin nasceu também 12 de Novembro de 1840. No museu Rodin, encontra também obras da sua amada e genial escultora Camille Claudel.
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Infância Russa
Por razões que me ainda são desconhecidas - pura coincidência, talvez...- passei a minha infância a ouvir compositores russos: Rimsky-Korsakov, Stravinsky (O Pássaro de Fogo), Rachmaninov, Mussorgsky, Prokofiev,... entre tantos outros. Naquela época, o meu ídolo era Borodine e as Danças Polovtsianas da ópera O Príncipe Igor enchiam a minha alma. É um dos temas musicais mais conhecidos em todo o mundo, ainda recentemente utilizado num filme de animação japonês, mas o nome "Borodine" tornou-se um nome tão exótico como o das suas danças. Era químico de profissão e considerava-se um "compositor de Domingo". Nasceu a 12 de Novembro de 1833.
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quinta-feira, 11 de novembro de 2004
A Melhor Actriz de Sempre
Peggy Ashcroft com Peter Hall, na peça de Beckett, Happy Days. Dias Felizes, apesar de tudo e por enquanto...:-)
terça-feira, 9 de novembro de 2004
O Fim de uma História
No dia 9 de Novembro de 1989, o "muro de Berlim" chegava ao seu fim. Curiosamente, ainda se podem encontrar, em três zonas da cidade, vestígios bem visíveis da existência desse muro que dividiu o mundo.
O Enigmático Karma
"No Ocidente, circulam muitos mal-entendidos sobre a noção de karma que o fazem compreender como uma espécie de fatalidade, de determinismo, como se tudo já estivesse feito; quando algo sucede, pensa-se: "Era o seu karma" ou : "É o meu karma". Chega-se, assim, a aberrações: "Um milhão de pessoas morre de fome, é o seu karma", "tal pessoa está doente, morre ou tem esta ou aquela dificuldade, é o seu karma". O karma torna-se, assim, uma justificação, uma forma de se desmobilizar ou de não se sentir responsável quando, na verdade, a compreensão justa do karma encontra-se, nos antípodas, a saber, numa responsabilidade em face do presente." Lama Denys
segunda-feira, 8 de novembro de 2004
Debate Inter-Religioso em Lisboa
Nesta próxima 4ªfeira (10 de Novembro), pelas 18 horas, o filósofo budista, Denys Teundroup, Presidente Honorário da União Budista
Europeia, profere uma Conferência na Faculdade de Letras de Lisboa (Anfiteatro III) com o título: Ética e Espiritualidade. O Manifesto da unidade na diversidade das tradições de paz e justiça (em francês). Após a apresentação deste manifesto, o conferencista será
directamente interpelado por vários intelectuais portugueses, entre
eles, o Padre Stilwell, Presidente da Faculdade de Teologia da
Universidade Católica, Esther Mucznick, Vice-presidente da
Comunidade Israelita de Portugal, Ashok Hansraj da Comunidade Hindu
Portuguesa, Viriato Soromenho-Marques, agnóstico e Professor Catedrático da Universidade de Lisboa, Mário Mota Marques da Comunidade Baha'i e Paulo Borges da Associação Agostinho da Silva. A entrada nesta Conferência é gratuita.
Europeia, profere uma Conferência na Faculdade de Letras de Lisboa (Anfiteatro III) com o título: Ética e Espiritualidade. O Manifesto da unidade na diversidade das tradições de paz e justiça (em francês). Após a apresentação deste manifesto, o conferencista será
directamente interpelado por vários intelectuais portugueses, entre
eles, o Padre Stilwell, Presidente da Faculdade de Teologia da
Universidade Católica, Esther Mucznick, Vice-presidente da
Comunidade Israelita de Portugal, Ashok Hansraj da Comunidade Hindu
Portuguesa, Viriato Soromenho-Marques, agnóstico e Professor Catedrático da Universidade de Lisboa, Mário Mota Marques da Comunidade Baha'i e Paulo Borges da Associação Agostinho da Silva. A entrada nesta Conferência é gratuita.
domingo, 7 de novembro de 2004
A Sorte do Azar
No filme Intacto (2001), realizado pelo espanhol Juan Carlos Fresnadillo, é feita a seguinte reflexão estatística cujo rigor científico não me foi possível conferir. Segundo um personagem, a probabilidade da nossa viagem de avião terminar mal é uma num milhão. Mas, segundo um raciocínio do mesmo personagem, a meu ver um pouco dúbio, a hipótese de sobrivermos a uma queda, por exemplo de um jumbo com uns 200 passageiros, é de uma em duzentos milhões. Algo me diz que não bastaria corrermos com os nossos 199 companheiros de viagem para ficarmos mais tranquilos... Deixemos, para já, essas minudências e imaginemos que a estatística se refere ao número de lugares do aparelho e não tanto aos passageiros! Para já, uma reflexão óbvia sobre aquilo a que chamamos sorte: esta última só se mede pela nossa capacidade de transcender o azar. Logo, um "sortudo" não é mais do que um azarento que se "safou". Só por um grande azar é que o seu avião cairá, mas só com enorme sorte é que sobreviverá se tiver o enorme azar de cair. Mas, voltando aos aviões, não fique inquieto... afinal, tem uma média de 25.000 dias de vida e morrerá apenas num deles :-) Compare isso com o número de viagens de avião que pode fazer, se tiver tempo, paciência e dinheiro! Aliás, se tiver estas três condições, pergunto-me se não poderia empregá-las em algo melhor. Por exemplo, comprar um asa-delta e lançar-se de um penhasco...
sábado, 6 de novembro de 2004
O Cavaleiro Azul
No dia 4 de Março de 1916, o pintor alemão, natural de Munique, Franz Marc, estava em Verdun. Não poderia ter escolhido pior local e altura. Na batalha de Verdun, ficaram feridas ou morreram cerca de um milhão de pessoas num espaço de 10 quilómetros quadrados. Franz Marc foi um deles, morto por um estilhaço de uma granada. Ele foi um dos fundadores do Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), o movimento expressionista alemão que irrompeu em Munique em 1911 e no qual participaram nomes como Kandinsky, Macke e Klee. Antes de Franz Marc, os animais eram habitualmente pintados como meros objectos perdidos na paisagem ou adereços humanos. A partir de Marc, a nossa visão da vida alterou-se profundamente. Simbolicamente, este "Cavaleiro Azul" quando foi atingido, estava montado a cavalo. E qual foi o resultado prático da batalha de Verdun, para lá da morte de centenas de milhares de pessoas? Nenhum...
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sexta-feira, 5 de novembro de 2004
A Maldição de Bhixma
Se não fosse a alma berlinense, teria lançado uma maldição sobre o infeliz faraó. Aproveito este enigmático post, para lembrar que o célebre busto de Nefertiti, a rainha de Amarna e esposa de Akhenaton, se encontra no magnífico museu de Berlim dedicado à arte egípcia.
quinta-feira, 4 de novembro de 2004
Hino ao Sol
"Criador da semente na mulher,
Tu que produzes o sémen no homem,
Que dás vida ao filho no seio materno,
Que o acalentas para que não chore,
Que o amamentas ainda no seio,
Que dás respiração para fazer viver tudo o que crias!
Quando ele sai das entranhas para começar a respirar, no dia em que nasceu, tu abriste-lhe a sua boca completamente.
Provês as suas necessidades.
Quando o pintainho no ovo pia dentro da sua casca,
dás-lhe o sopro lá dentro para ele se manter.
Quando lhe dás força dentro do ovo,
para partir a casca, ele sai do ovo e pia quando é chegado o tempo.
Ele caminha pelas suas patas quando sai de lá.
Inumeráveis são os teus actos!
Eles estão escondidas da face do homem.
Ó Deus único, pois não há outro!
Solitário em espírito tu formas a terra.
Os homens, gado, os pequenos animais e animais selvagens.
Tudo o que há sobre a terra e se movimenta sobre pés
O que está no alto e voa com as suas asas."
Hino ao Sol de Akhenaton (excerto)
Tu que produzes o sémen no homem,
Que dás vida ao filho no seio materno,
Que o acalentas para que não chore,
Que o amamentas ainda no seio,
Que dás respiração para fazer viver tudo o que crias!
Quando ele sai das entranhas para começar a respirar, no dia em que nasceu, tu abriste-lhe a sua boca completamente.
Provês as suas necessidades.
Quando o pintainho no ovo pia dentro da sua casca,
dás-lhe o sopro lá dentro para ele se manter.
Quando lhe dás força dentro do ovo,
para partir a casca, ele sai do ovo e pia quando é chegado o tempo.
Ele caminha pelas suas patas quando sai de lá.
Inumeráveis são os teus actos!
Eles estão escondidas da face do homem.
Ó Deus único, pois não há outro!
Solitário em espírito tu formas a terra.
Os homens, gado, os pequenos animais e animais selvagens.
Tudo o que há sobre a terra e se movimenta sobre pés
O que está no alto e voa com as suas asas."
Hino ao Sol de Akhenaton (excerto)
O Egipto e a "Art Deco"
No dia 4 de Novembro de 1922, o arqueólogo amador Howard Carter, com o patrocínio do mecenas Lord Carnarvon, fazia a descoberta do século: o túmulo praticamente inviolado de um faraó egípcio, Tutankhamon, descendente provável da misteriosa família de Akhenaton. No dia seguinte, o selo do túmulo é rompido e o esplendor do Egipto Antigo é revelado ao mundo. Após Napoleão, a "Egiptomania" regressava à Europa em pleno modernismo. E não só... a "Art Deco" podia dar com segurança os seus primeiros passos, agora com a visão fascinada por pirâmides, zigurates, mas também pelo jazz e pela maldição da múmia. A não perder aquele que é, a meu ver, o melhor romance de Christian Jacq, onde descreve a histórica descoberta de Carter (L'Affaire Toutankhamon, já traduzido em português pela Bertrand).
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quarta-feira, 3 de novembro de 2004
O olhar e o grito de raiva
« Mon oeil, trouant les joncs, dardait chaque encolure
Immortelle, qui noie en l'onde sa brûlure
Avec un cri de rage au ciel de la forêt;
Et le splendide bain de cheveux disparaît
Dans les clartés et les frissons, ô pierreries!
(…)
De roses tarissant tout parfum au soleil,
Où notre ébat au jour consumé soit pareil. »
«O meu olhar, penetrando os juncos, dardejava cada abertura
Imortal que afoga seus ardores na onda
Com um grito de raiva ao céu da floresta;
E o esplêndido banho de cabelos desaparecia
Nas claridades e tremores, ó pedras preciosas!
(…)
De rosas esgotando todo o perfume ao sol,
Onde o nosso prazer consumado seja igual»
Mallarmé, L’après-midi d’un faune (excerto)
Immortelle, qui noie en l'onde sa brûlure
Avec un cri de rage au ciel de la forêt;
Et le splendide bain de cheveux disparaît
Dans les clartés et les frissons, ô pierreries!
(…)
De roses tarissant tout parfum au soleil,
Où notre ébat au jour consumé soit pareil. »
«O meu olhar, penetrando os juncos, dardejava cada abertura
Imortal que afoga seus ardores na onda
Com um grito de raiva ao céu da floresta;
E o esplêndido banho de cabelos desaparecia
Nas claridades e tremores, ó pedras preciosas!
(…)
De rosas esgotando todo o perfume ao sol,
Onde o nosso prazer consumado seja igual»
Mallarmé, L’après-midi d’un faune (excerto)
terça-feira, 2 de novembro de 2004
Nijinsky
Millicent Hodson que tem feito, em conjunto com o historiador da arte Kenneth Archer, um trabalho notável na reconstituição das coreografias fundamentais da história da dança, sublinhava o facto que o génio de Nijinsky, como coreógrafo, não estava tanto em libertar os movimentos do dançarino, mas em coagi-los. Neste efeito estético, o espectador poderia sentir todo o sofrimento de um corpo que apenas se move na própria paralisia. Tudo isto a propósito da recente edição dos Cadernos de Nijinsky (Nijinski) pela Assírio & Alvim.
segunda-feira, 1 de novembro de 2004
DiVAS
Uma Thurman, a filha do filósofo budista Robert Thurman (não estou a brincar...), no papel da Noiva Beatrix Kiddo, aquela que se vingará do DiVAS (Deadly Viper Assassination Squad) e, assim, encontrará a felicidade junto da querida B.B.
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A Noiva Beatrix
As razões que nos conduzem a uma sala de cinema ou nos levam a visionar um DVD não são sempre cinematográficas. Para lá das conhecidas motivações psicológicas, muitas vezes ansiamos por ver uma boa representação teatral com excelentes efeitos especiais; ou então, por ter uma experiência similar, mas visual, daquela que obteríamos se lêssemos a narrativa de um bom romance. Algumas vezes, as razão são puramente cinéfilas. Os filmes de Quentin Tarantino satisfazem claramente esta última motivação. Em termos cinematográficos, Kill Bill (Volume 2), escrito pela dupla Q & U (Quentin e Uma (quem serão? ;-), é o puro prazer da realização transposto para a película. O resultado é um misto híbrido, mas original, dos clássicos filmes de artes marciais orientais e da cinematografia ocidental. A Noiva no seu melhor...
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