sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Ouro sobre Azul
Quadro do pintor catalão Joan Miró intitulado "O ouro do azul" (L'or de l'atzur, 1967). O MoMA de Nova Iorque vai inaugurar no dia de 2 Novembro uma exposição de "pintura e anti-pintura" dedicada a obras de Miró. Com efeito, Miró declarou em 1917 que queria "assassinar a pintura", inscrevendo-se, assim, nos diferentes movimentos de anti-arte/fim da arte que singraram no Modernismo. Salvo para aqueles que não gostam de Miro, esta declaração "assassina" é, no mínimo, irónica, visto que Miró é um dos maiores pintores de sempre. Uma curiosidade, julgo que pouco conhecida: Hergé, o autor de Tintin, considerava Miró o seu pintor preferido.
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quarta-feira, 29 de outubro de 2008
terça-feira, 28 de outubro de 2008
A Crise Financeira e o Humor Britânico
Vale a pena rever agora um vídeo que, se não estou em erro, o blogue Reflexões de um cão com pulgas colocou já há algum tempo.
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segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Juno
Ainda recentemente ouvi alguém dizer o seguinte: "depois de ver Juno é muito difícil ver outro filme"!! É bem verdade: Juno é um excelente filme, uma comédia no sentido perfeito da palavra (que tem pouco a ver com o seu sentido usual). Qual o tema deste filme? - adolescentes grávidas;- o problema da adopção; - o conflito de gerações... Tirem daí a vossa ideia... este é um dos raros filmes que retratam o que antigos diziam ser a arte poética: uma imitação da acção centrada no carácter. Juno é um filme sobre uma pessoa, sobre a sua vida, crescimento, desilusões e amores. Este filme não teria tido o impacto que teve se não fosse a interpretação notável de Ellen Page (o óscar da Academia foi para o argumento original, o que também é justo). Neste filme, vibra a força misteriosa que emana do carácter de uma pessoa, como dizia algures Thomas Mann.
Podem ver aqui o trailer do filme, agora em DVD:
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domingo, 26 de outubro de 2008
Sentimento de Si
Derek Parfit publicou nos anos 80 uma das obras mais influentes sobre o problema da identidade pessoal. Este problema pode ser formulado de vários modos, jogando-se nele várias questões complementares, mas distintas: 1ª qual a natureza do sentimento de si próprio? 2ª qual é o critério que me permite afirmar que sou agora a mesma pessoa do que aquela que fui no passado? (por exemplo, se sou a mesma pessoa do que aquela que escreveu o post anterior) 3ª que evidências tenho eu que me permitem afirmar que sou a mesma pessoa em tempos diferentes? O grande problema das teorias sobre a identidade pessoal é que confundem estas três interrogações fundamentais.
Derek Parfit defendeu na obra referida (Reasons and Persons, infelizmente ainda não traduzida para português) a seguinte tese: identity is not what matters (a identidade não é o que importa) nem em termos éticos nem pessoais. Ele parte de uma ideia de David Wiggins (Identity and Spatio-temporal Continuity) segundo a qual se cortarmos o corpo caloso que liga os dois hemisférios cerebrais constituem-se duas correntes de consciência num mesmo corpo. E, assim, Parfit pode imaginar situações semelhantes a esta: se fizermos o transplante dos dois hemisférios para dois crânios distintos teremos duas pessoas que afirmarão possuírem a mesma identidade do que a original (antes da separação dos hemisférios e dos transplantes). Logo, a identidade pessoal é um conceito ambíguo e, como tal, deve ser considerado irrelevante. Se os dois hemisférios do meu cérebro forem transplantados para dois novos crânios, o que chamo a minha identidade pessoal multiplica-se por dois. Cada um dos novos seres dirá que fui eu no passado antes do transplante porque não só tem memórias semelhantes, mas também porque há uma continuidade corporal (cada um deles possui um dos hemisférios cerebrais).
A meu ver, a tese de Parfit segundo a qual a identidade pessoal não importa é errada, mas tem a grande vantagem de mostrar que as duas principais evidências - continuidade de memórias e continuidade corporal - não são critérios suficientes para assegurar a identidade pessoal. O erro de Parfit foi o de se ter esquecido da primeira questão assinalada no início deste post: o sentimento de si. E a questão sobre a sua natureza mantém-se tão actual existam ou não duas pessoas que hipoteticamente afirmam que foram eu no passado. A tese de Parfit é o corolário das "visões de nenhures" (views from nowhere, para utilizar a expressão bem forte de Thomas Nagel) em que a perspectiva da primeira pessoa é anulada. Ora, a esse nível, a identidade é realmente o que importa...
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sábado, 25 de outubro de 2008
Porque será?
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A música é confrangedoramente simples, mas, no entanto, resulta na perfeição!! Para os mais distraídos, é a célebre canção do filme Juno. Uma das razões poderá estar na força emocional do poema que a acompanha. Mas isso ainda torna tudo mais estranho! Aqui está a letra (lyrics) desta canção:
You're a part time lover and a full time friend
The monkey on you're back is the latest trend
I don't see what anyone can see,
In anyone else but you
Here is the church and here is the steeple
We sure are cute for two ugly people
I don't see what anyone can see,
In anyone else but you
We both have shiny happy fits of rage
I want more fans, you want more stage
I don't see what anyone can see,
In anyone else but you
You are always trying to keep it real
I'm in love with how you feel
I don't see what anyone can see,
In anyone else but you
I kiss you on the brain in the shadow of a train
I kiss you all starry eyed, my body's swinging from side to side
I don't see what anyone can see,
In anyone else but you
The pebbles forgive me, the trees forgive me
So why can't, you forgive me?
I don't see what anyone can see,
In anyone else but you
Du du du du du du du du
Du du du du du du du du
I don't see what anyone can see,
In anyone else but you
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Se quisermos....
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... podemos parar o actual choque de civilizações!
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
domingo, 19 de outubro de 2008
Não ao abandono!
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Excelente iniciativa realizada pelo blogue Tomorrow Morning . São autocolantes para colocarem na vossa viatura.
sábado, 18 de outubro de 2008
Prémio Dardos
O excelente blogue Traços e Cores atribuiu ao Expresso do Oriente o Prémio Dardos, no qual "se reconhecem os valores que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras. Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web."
Agradeço-lhe o prémio que muito me honra.
Quem recebe e aceita o Prémio Dardos, deve seguir as seguintes regras:
1. - Exibir no seu blogue a imagem (selo) do prémio;
2. - Linkar o blogue que lhe atribuiu o prémio;
3. - Escolher quinze (15) outros blogues que distingue com o Prémio Dardos.
E são eles:
Art&manha
Beautiful Century
Blog do Zig
Da Pluralidade do Mundo
Desenho
Diz que não gosta de música clássica?
Folhas Perdidas
Gatochy's blog
A ilha que nunca existiu
Kitschnet
Little Boots and Friends
Púrpura Rosa
Reflexões de um cão com pulgas...
She hangs brightly
Van Dog
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Estranha forma de amor
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Gostei muito de ver o último filme de Ang Lee, Se, jie (Sedução e Conspiração), baseado no romance de uma das grandes escritoras chinesas de sempre, Eileen Chang (1920-1995). Em termos imediatos, é um thriller de espionagem passado em Xangai durante a ocupação japonesa; por sua vez, é um dos filmes mais intensos e perturbadores sobre a natureza do amor. Embora defenda a tese de Schiller segundo a qual a arte é uma "forma viva" (lebende Gestalt), seria para mim no mínimo estranho pensar que as artes literárias (poesia; romance; mito) e dramáticas (cinema; teatro) não potenciam exponencialmente o nosso conhecimento do mundo. É o caso deste filme que nos permite sondar vertentes do amor raramente pensadas.
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terça-feira, 14 de outubro de 2008
Pontos de Cor
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Quadro de Kandinsky intitulado "A Igreja de São Luís em Munique" (1908).
Encontra-se no museu Thyssen-Bornesmisza em Madrid.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
into the dark
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Criação musical de um leitor do Expresso do Oriente.
domingo, 12 de outubro de 2008
Biergarten
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O Biergarten (Jardim da Cerveja) em Cascais (Rua Frei Nicolau de Oliveira, perto da Quinta da Marinha) continua a ser um dos locais mais agradáveis para se estar. Gosto muito da decoração do interior, dos amplos espaços exteriores, assim como da comida alemã (felizmente com opções vegetarianas, como é norma na Alemanha). E tem - como se teria de esperar, mas por vezes não acontece... - um excelente Apfelstrudel.
sábado, 11 de outubro de 2008
Sinfonia do Horror
"Sinfonia do Horror" é o subtítulo de um dos mais célebres filmes de sempre, Nosferatu (Nosferatu, eine Symphonie des Grauens, 1922), realizado pelo lendário F.W.Murnau. Com este mote, está na altura dos leitores do Expresso do Oriente escolherem o melhor filme de horror/terror de todos os tempos. O género tem má fama, mas da lista apresentada encontro pelo menos uns dez filmes de grande qualidade. Se tiver dúvidas, pergunte-me... Mas sobretudo, vote! Vai ver que encontrará na lista um filme de que gostou muito!
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sexta-feira, 10 de outubro de 2008
E o vencedor foi...
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Blade Runner de Ridley Scott; em segundo lugar, ficou o 2001, Odisseia no Espaço de Kubrick e, em terceiro lugar, Matrix dos irmãos Wachowski. O que significa que Blade Runner irá concorrer com os primeiros lugares de outros géneros de cinema. Amanhã iniciaremos a escolha do melhor filme de uma outra categoria de cinema: tenham medo, muito medo...
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quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Serão couves-flores?
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Kandinsky
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Quadro da juventude de Kandinsky, pintado em 1908. Chama-se "Munique Schwabing com a Igreja de Santa Úrsula"; Schwabing é um célebre bairro do norte de Munique, um misto de Quartier Latin e Montmartre germânico.
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terça-feira, 7 de outubro de 2008
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Auto-suficiência
Auto-suficiencia
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes
mas não esqueço que a minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios.Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo-as todas, um dia vou construir um castelo... "
Fernando Pessoa
via cabeça no ar ou ar na cabeça by Ofélia Queirós on 10/6/08
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes
mas não esqueço que a minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios.Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo-as todas, um dia vou construir um castelo... "
Fernando Pessoa
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sábado, 4 de outubro de 2008
Flocke
Hoje, dia mundial do Animal, decidi comemorar o evento relembrando a querida Flocke, a ursinha do jardim de Nuremberga (Nürnberg), símbolo vivo da luta contra o degelo no Ártico. Com dez meses de vida, a Flocke entrou agora na sua maioridade.
Para mais informações, clique AQUI.
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sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Como tudo começou...
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Quadro de Kandinsky, intitulado Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul) de 1903. Sobre o azul, diz-nos o pintor: "O azul profundo projecta o homem para o infinito, desperta-lhe o desejo de pureza e uma sede sobrenatural. (...) À medida que o azul ganha profundidade, acalma e torna-se apaziguador. Quando desliza para o preto, tinge-se de uma tristeza que excede o humano, semelhante a certos estados graves que não têm nem podem ter fim." (Do Espiritual na Arte). Com este quadro inicia-se o movimento com o mesmo nome, Blaue Reiter.
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quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Um encanto
Salzburg
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Segundo Andamento do Concerto para Piano nº21 (K467) de Mozart;
interpretação de Barenboim e da Orquesta Filarmónica de Berlim.
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Alla Turca
Mozart, como aliás grande parte da sociedade culta europeia do século XVIII - veja-se Voltaire -, vivia fascinada com o Oriente. Esse fascínio traduziu-se em várias obras musicais nas quais o imaginário turco e oriental estava presente. São famosas as obras de Mozart como O Rapto do Serralho (já aqui referido) e a célebre Sonata para Piano nº11 em Lá (A) Maior (K331). Nesta última encontramos um "Rondo alla Turca" que faz parte do repertório de todo aquele que quer singrar um dia nas artes do piano. Este interesse de Mozart pela Turquia e pelos seus costumes era comum na sociedade vienense da época. Afinal, Viena foi quase tomada pelos turcos na célebre batalha de 1683, tornando-se a derrota turca no símbolo do triunfo europeu da Casa dos Habsburgos. E, assim, um século mais tarde, a Turquia estava "presente" em Viena - diz-nos, pelo menos, a lenda - através dos croissants (em memória da vitória sobre os otomanos), no cappuccino (como recordação do café turco) e nas obras orientais de Mozart. A interpretação do "Rondo alla Turca" que apresento tem uma peculiaridade: não é tocada por humanos! O segredo está num programa informático chamado justamente Sibelius. Mas os resultados são bem interessantes.
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