sábado, 17 de março de 2007

Sacrifício


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O Sacrifício (Offret) é, como se costuma dizer, um dos "filmes da minha vida". É o último filme de Tarkovsky que constitui, nas palavras do realizador, o seu 'testamento à humanidade' (o realizador sabia que estava a morrer). A questão do valor do sacrifício sempre me perturbou. Por um lado, sei bem a força das palavras de Mateus 9,13 "É a generosidade que desejo e não o sacrifício"; ou então, nas Upanishads, é-nos dito que aqueles que enaltecem os sacrifícios "pensam-se a si mesmos como sendo sábios e instruídos (...) mas não são mais do que cegos conduzindo outros cegos". Na Bíblia, na tradição profética, encontramos a interrogação irritada de Deus (Isaías 1,11-15) : "Que me importam os vossos inúmeros sacrifícios?" Mas como é possível amar realmente alguém sem sacrificarmos o nosso egoísmo? O amor real, autêntico, não é sempre o sacrifício total da nossa vida (a curto,a médio ou a longo prazo)? Que interesse tem a "nossa" (é mesmo "nossa" ou de "alguém"?) vida? Guardamo-la para quem?

2 comentários:

Anónimo disse...

Um post fabuloso, no seu conjunto.

Marta Rema disse...

este post foi a coisa mais importante que li desde há muito tempo. estão aqui as chaves essenciais sobre este assunto. obrigada