domingo, 31 de julho de 2005
sábado, 30 de julho de 2005
O Mito de Perseu
Burne Jones e as armas contra a Medusa. Das ninfas do norte, Perseu recebeu um elmo da invisibilidade, umas sandálias aladas e um alforge.
Etiquetas:
Burne-Jones,
Medusa,
mito,
Perseu,
pintura,
pré-rafaelitas
sexta-feira, 29 de julho de 2005
quinta-feira, 28 de julho de 2005
quarta-feira, 27 de julho de 2005
Ideia Errante
A lenda do ser errante, como é o caso do holandês amaldiçoado, pode ter raízes míticas mais fundas. Lembrei-me que, na grande epopeia indiana Mahabharata, o filho de Drona, Ashvatthaman, é amaldiçoado por Krishna. Com efeito, Ashvathaman lança a sua temível arma sobre os ventres das mulheres dos poucos Pandavas que sobreviveram ao seu massacre, com o objectivo de que elas nunca mais tenham filhos. Para evitar o fim dinástico dos Pandavas, Krishna promete ressuscitar o feto que a nora de Arjuna, Uttara, traz no ventre e que terá o nome de Parikshit. Ora, pelo seu acto, Ashvattaman é condenado por Krishna a vaguear sozinho e errante até ao fim dos tempos. Aqui não existe Senta nem o seu amor redentor do Navio Fantasma de Wagner, mas o mito é, no essencial, o mesmo. A fotografia é a do personagem Ashvatthaman na recriação teatral do Mahabharata por Peter Brook (agora em DVD, na zona 2).
Etiquetas:
Krishna,
Mahabharata,
Navio Fantasma,
Peter Brook,
Wagner
O Holandês Errante
Hoje, em Bayreuth, é dia do "Navio Fantasma" ou, se se preferir, do "Holandês errante". Wagner baseia-se numa lenda de marinheiros que remonta provavelmente a 1641, quando o capitão holandês Van der Decken naufragou no Cabo da Boa Esperança. Ao que parece, o capitão, temendo naufragar, amaldiçoou-se dizendo que navegaria até aos fim dos tempos. O mais curioso é que o Navio Fantasma é ciclicamente avistado. São famosos os avistamentos deste holandês errante pelo rei Jorge V de Inglaterra e por um submarino alemão na segunda guerra mundial. Em termos arquetípicos, esta lenda cruza-se com outras similares, como é o caso do "judeu errante". Errante era vida de Wagner quando compôs esta obra, fugindo aos credores...:-) quase todas as pessoas que viram esta ópera romântica sabem trautear um pouco da sua música.
Etiquetas:
Bayreuth,
música,
Navio Fantasma,
Wagner
terça-feira, 26 de julho de 2005
Parsifal
Enquanto aguardamos pelos acordes do Parsifal em Bayreuth (29 de Julho), com a polémica encenação de Schlingensief, relembro que saiu um cd de música de Wagner com temas escolhidos por este enfant terrible do teatro alemão. Fui logo ouvir o tema seleccionado do Parsifal, "Mein erstes Amt" (Acto III) e a escolha não poderia ser mais sublime! Wagner no seu melhor.
Etiquetas:
Bayreuth,
música,
Parsifal,
Schlingensief,
Wagner
Mais imagens de Bayreuth
O blog Wagner Operas apresenta mais imagens do Tristão e Isolda, na interpretação do suíço Christoph Marthaler. Mais uma vez se vê a sombra do Anel de 76 sobre as novas produções wagnerianas. Mas enquanto a versão de Patrice Chéreau era brilhante em termos estéticos, sabendo combinar genialmente o sublime e o neoclassicismo, as "cópias" são exactamente aquilo que são: cópias.
segunda-feira, 25 de julho de 2005
Em Correio Expresso...
O Expresso do Oriente é rápido... aqui está a primeira imagem do Tristão e Isolda 2005, na encenação de Cristoph Marthaler. Como ouvinte atento, esteve lá o nosso Presidente, Jorge Sampaio. Ainda não confirmei a presença de Durão Barroso (ir à estreia de Bayreuth foi um dos seus primeiros actos como Presidente da Comissão Europeia, a convite de Stoiber, o governador do Estado da Baviera).
Etiquetas:
Bayreuth,
Christoph Marthaler,
Durão-Barroso,
Jorge Sampaio,
Katharina Wagner,
música,
Tristão e Isolda
Bayreuth, 25 de Julho de 2005
Terminou há poucos minutos o Tristão e Isolda de 2005. Como não temos imagens, o Expresso do Oriente, para celebrar o início do festival de Bayreuth, reproduz uma imagem da versão de Wieland Wagner (1962), o neto, já falecido, do compositor. Amanhã teremos novamente o Parsifal de Schlingensief.
Etiquetas:
Bayreuth,
música,
Parsifal,
Schlingensief,
Tristão e Isolda,
Wagner,
Wieland Wagner
domingo, 24 de julho de 2005
Ramayana
Mais uma cena do Ramayana, onde se pode ver Rama - de pele escura, sinal da sua "ligação mítica" com Krishna - e o seu irmão Lakshama preparando-se para atacar o malvado Ravana (à esquerda). É interessante notar que Bharata - outro irmão de Rama - é uma personagem central do Ramayana, mas que se encontra ausente do grande poema que o celebra, Mahabharata, o grande (Maha) Bharata. Bharat, por sinal, é o nome comum da Índia para a grande maioria da sua população.
sábado, 23 de julho de 2005
Mil Mãos
Será que só os deuses têm mil mãos? Julgo que esta imagem é de Ravana, o asura ou demónio de Sri Kanka (Ceilão), o malvado que raptou Sita, a amada de Rama. Hare Rama, Divas & Contrabaixos!
quinta-feira, 21 de julho de 2005
Salzburg 2005
O Festival de Salzburg inicia-se, como o de Bayreuth, neste próximo dia 25 de Julho. Como tem sido habitual, para lá da ópera e dos concertos, Salzburgo é igualmente conhecido pelo papel dado à literatura e ao drama teatral. Neste ano, destaca-se a presença de escritores como António Lobo Antunes, o sul-africano John Coetzee, a austríaca Jelinek, entre outros.
Etiquetas:
António Lobo Antunes,
Coetzee,
Elfried Jelinek,
literatura,
música,
Salzburgo
Bayreuth 2005
Já se pode consultar o horário das transmissões de Bayreuth em: http://www.operacast.com/bayreuth05.htm. Com a excepção do Tristão e Isolda - a ópera da abertura do Festival -, vamos ter pouca escolha na net... mas pode ser a suficiente.
Etiquetas:
Bayreuth,
música,
Tristão e Isolda,
Wagner
quarta-feira, 20 de julho de 2005
terça-feira, 19 de julho de 2005
Dante sobre Dante
Esta aguarela de Dante Gabriel Rossetti retrata uma das cenas mais famosas da Divina Commedia de Dante. Trata-se naturalmente da história de Paolo e Francesca de Ramini que se beijaram quando liam o romance sobre Lancelot. O marido de Francesca surpreendeu-os e eles foram mortos. Encontram-se agora no Inferno da Commedia e são visitados pelo poeta, acompanhado de Virgílio.
Etiquetas:
Dante,
Lancelot,
Paolo e Francesca de Ramini,
pintura,
poesia,
pré-rafaelitas,
Rossetti
segunda-feira, 18 de julho de 2005
A Cabeça mais célebre do Mundo
A estátua de Nefertiti, umas das jóias da arqueologia alemã, descoberta no Egipto em 1912, vai reaparecer novamente em Berlim no próximo mês de Agosto. A estátua encontrava-se no castelo/palácio de Charlottenburg e irá fazer agora parte da enorme colecção de arte egípcia que será exibida no Altes Museum. As colecções que existiam em Berlim Ocidental e Oriental vão ser finalmente reunidas. O interesse alemão pela arte egípcia não é nenhuma idiossincrasia, apenas revela que estamos perante uma nação civilizada. O mesmo se diga de Inglaterra... estive a fazer as contas e, durante este mês de Julho, teremos cerca de uma conferência por dia sobre a cultura egípcia no Reino Unido. E em Portugal? É melhor nem perguntar...
Etiquetas:
Alemanha,
Berlim,
Egipto,
Inglaterra,
Nefertiti
domingo, 17 de julho de 2005
Será que temos lepra?
Na empresa inglesa de DVDs, Play.com, encontra-se o aviso:
"At the moment we do not supply to Portugal or any Country outside of the EU"
"At the moment we do not supply to Portugal or any Country outside of the EU"
sábado, 16 de julho de 2005
Parsifal de Schlingensief
Imagem do coelho mais célebre de Bayreuth que retornará em 2005 num dos mais famosos festivais musicais do mundo (já agora, o de Salzburg também deve estar a começar). Muitas pessoas estranharam a presença deste coelho no Parsifal de Schlingensief. E, no entanto, o coelho é um símbolo trivial de fertilidade e da Páscoa. Como sublinha Lévi-Strauss, no Parsifal joga-se o confronto entre um mundo infértil, embora axiologicamente positivo, e o mundo fértil de Klingsor, mas axiologicamente negativo. E será que alguém consegue esquecer o tema musical da "sexta-feira santa" deste "drama musical sagrado"? Claro que provocou um certo mal-estar o visionamento de um coelho em decomposição. Mas será estranho ao Parsifal a estética decadentista dos finais do século XIX, assim como a visão schopenhauriana do desejo?
Etiquetas:
Klingsor,
Lévi-Strauss,
Parsifal,
Schlingensief,
Schopenhauer,
Wagner
terça-feira, 12 de julho de 2005
Festival de Bayreuth
O Festival de Bayreuth de 2005 aproxima-se com a apresentação no dia 25 de Julho de uma nova versão do Tristão e Isolda (cf. Spielplan). Vamos ter o polémico Parsifal do ano passado e o Anel vai fazer umas férias...
Etiquetas:
Anel do Nibelungo,
Bayreuth,
música,
Parsifal,
Tristão e Isolda,
Wagner
segunda-feira, 11 de julho de 2005
Melinda e Melinda
Há já algum tempo que não via um filme tão interessante como o Melinda and Melinda. Talvez mais importante do que a ideia que presidiu à construção da narrativa e que se consubstancia no "riso das lágrimas", aquilo que é brilhante neste filme é ele próprio: realização, cenários, interpretações, diálogos, Nova Iorque. "Woody Allen", para o dizer em apenas duas palavras.
domingo, 10 de julho de 2005
sábado, 9 de julho de 2005
Strawberry Hill
Mansão neogótica do escritor Horace Walpole situada no "Monte de Morango" (Strawberry Hill). Walpole é consensualmente apontado como o criador da literatura gótica, rompendo com o neoclassicismo dominante, nomeadamente no seu romance O Castelo de Otranto. Ann Radcliffe será a continuadora deste estilo, conferindo-lhe o ambiente romântico que nos é tão familiar.
Etiquetas:
Ann Rdacliffe,
gótico,
Horace Walpole,
literatura
Dia Gótico
O imaginário gótico está presente em múltiplas formas da narrativa contemporânea, sejam elas literárias ou cinematográficas. Por exemplo, apesar do Senhor dos Anéis pertencer ao género mitológico e fantástico, a sua recente interpretação fílmica tingiu o romance de Tolkien com cores claramente sombrias. O gótico está indissoluvelmente ligado ao Romantismo como movimento cultural. Se dúvidas existissem, bastaria pensar nas obras e contos de Byron, de Mary Shelley ou de Daphne du Maurier. Mas a escrita gótica remonta ao século XVIII, destacando-se a obra de Ann Radcliffe. Esta escritora nasceu a 9 de Julho de 1764 e os seus romances relatam-nos as aventuras de jovens perdidas em castelos sombrios. O carácter misógino do conto francês de Charles Perrault,O Castelo do Barba-Azul, na qual a jovem é uma mera "Pandora iluminista", cede o seu lugar ao cruzamento envolvente da candura e das trevas que se surpreende na obra desta escritora londrina.
Etiquetas:
Ann Rdacliffe,
Byron,
Charles Perrault,
Daphne du Maurier,
gótico,
literatura,
Mary Shelley,
Tolkien
sexta-feira, 8 de julho de 2005
Bruna Brunelleschi
"Bruna Brunelleschi" (1878) de Dante Gabriel Rossetti. O modelo do quadro é novamente Jane Burden Morris. O quadro encontra-se no Fitzwilliam em Cambridge
Etiquetas:
Jane Burden,
pintura,
pré-rafaelitas,
Rossetti
quinta-feira, 7 de julho de 2005
Horror do acto, horror das palavras
Excerto de uma entrevista do jornal Público a Omar Bakri Mohammed, o auto-intulado líder teórico londrino da Al-Qaeda na Europa. Encontrei esta entrevista, datada de 18 de Abril de 2004, num dos últimos posts do blog Rua da Judiaria.
"P. Como sabemos que um atentado é realmente da Al-Qaeda?
R. É fácil. Em primeiro lugar são sempre operações em grande escala. O texto divino é claro quanto à necessidade de provocar “o máximo dano possível". O operacional tem portanto de certificar-se de que mata o maior número de pessoas que pode matar. Se não o fizer, espera-o o fogo do Inferno. Em segundo lugar, a Al-Qaeda deixa sempre uma impressão digital: uma pista, como um carro com um Corão ou uma cassete, para ser encontrado pela Polícia. Terceiro, os ataques são feitos em dois ou três lugares ao mesmo tempo. Finalmente, a linguagem. Nos comunicados, basta ler uma frase para se reconhecer o seu rigor teórico: não há nenhum sinal de nacionalismo, não se dizem árabes, nem palestinianos, apenas muçulmanos. Falam sempre do martírio, da morte.(…)
P. Mas o que pode justificar matar deliberadamente milhares de civis inocentes?
R. Nós não fazemos a distinção entre civis e não civis, inocentes e não inocentes. Apenas entre muçulmanos e descrentes. E a vida de um descrente não tem qualquer valor. Não tem santidade.
P. Mas havia muçulmanos entre as vítimas.
R. Isso está previsto. Segundo o Islão, os muçulmanos que morrerem num ataque serão aceites imediatamente no paraíso como mártires. Quanto aos outros, o problema é deles. Deus mandou-lhes mensagens, os muçulmanos levaram-lhes mensagens, eles não acreditaram. Deus disse: “Quando os descrentes estão vivos, guia-os, persuade-os, faz o teu melhor. Mas quando morrem, não tenhas pena deles, nem que seja o teu pai ou mãe, porque o fogo do Inferno é o único lugar para eles"."
"P. Como sabemos que um atentado é realmente da Al-Qaeda?
R. É fácil. Em primeiro lugar são sempre operações em grande escala. O texto divino é claro quanto à necessidade de provocar “o máximo dano possível". O operacional tem portanto de certificar-se de que mata o maior número de pessoas que pode matar. Se não o fizer, espera-o o fogo do Inferno. Em segundo lugar, a Al-Qaeda deixa sempre uma impressão digital: uma pista, como um carro com um Corão ou uma cassete, para ser encontrado pela Polícia. Terceiro, os ataques são feitos em dois ou três lugares ao mesmo tempo. Finalmente, a linguagem. Nos comunicados, basta ler uma frase para se reconhecer o seu rigor teórico: não há nenhum sinal de nacionalismo, não se dizem árabes, nem palestinianos, apenas muçulmanos. Falam sempre do martírio, da morte.(…)
P. Mas o que pode justificar matar deliberadamente milhares de civis inocentes?
R. Nós não fazemos a distinção entre civis e não civis, inocentes e não inocentes. Apenas entre muçulmanos e descrentes. E a vida de um descrente não tem qualquer valor. Não tem santidade.
P. Mas havia muçulmanos entre as vítimas.
R. Isso está previsto. Segundo o Islão, os muçulmanos que morrerem num ataque serão aceites imediatamente no paraíso como mártires. Quanto aos outros, o problema é deles. Deus mandou-lhes mensagens, os muçulmanos levaram-lhes mensagens, eles não acreditaram. Deus disse: “Quando os descrentes estão vivos, guia-os, persuade-os, faz o teu melhor. Mas quando morrem, não tenhas pena deles, nem que seja o teu pai ou mãe, porque o fogo do Inferno é o único lugar para eles"."
Maria Madalena
Dante Gabriel Rossetti, Maria Madalena, 1877.
Pintura da colecção pré-rafaelita do Delaware Art Museum.
Pintura da colecção pré-rafaelita do Delaware Art Museum.
Etiquetas:
Maria Madalena,
pintura,
pré-rafaelitas,
Rossetti
terça-feira, 5 de julho de 2005
In Vino Veritas
A Editorial Antígona publicou a obra de Kierkegaard, In Vino Veritas. Este livro corresponde à primeira parte dos Estádios no Caminho da Vida, procurando retratar a forma de vida "estética". Para Kierkegaard, são possíveis três posturas diferentes em face da vida: a "estética", dominada pela valorização do que é singular e diferente, o "ético", centrado no geral e nas leis universais, e o "religioso", perspectivado como uma relação privada entre cada um de nós, enquanto indivíduo, e o Outro (o que quer que ele seja). Como seu reverso, o "estético" desemboca no tédio e na melancolia, o "ético" no aborrecimento e na formalidade, enquanto o religioso esconde em si uma angústia sem palavras.
In Vino Veritas, foi traduzido directamente do dinamarquês por José Miranda Justo, que escreve ainda um posfácio sobre a obra.
In Vino Veritas, foi traduzido directamente do dinamarquês por José Miranda Justo, que escreve ainda um posfácio sobre a obra.
Etiquetas:
Estética,
ética,
filosofia,
Kierkegaard,
religião
Matérias
"Quanto mais te aproximas da verdadeira matéria, meu rapaz, da pedra, do ar, do fogo e dos bosques, tanto mais espritual é o mundo. E todos esses tipos que pensam que são gajos práticos e materialistas com os pés bem assentes na terra não sabem patavina sobre a matéria, têm a cabeça cheia de ideias e noções confusas." (frase atribuída por Jack Kerouac a Gary Snyder nos Vagabundos do Dharma).
Etiquetas:
Gary Snyder,
Jack Kerouac,
literatura,
natureza
domingo, 3 de julho de 2005
Medos
Recentemente o blog Alicerces transcreveu uma interessante entrevista de António Damásio à revista francesa L'Express. Traduzo uma passagem:
"António Damásio: A mosca - que apenas possui um sistema nervoso minúsculo - experimenta, ela também, emoções: se a irritarmos, ela põe-se a voar em todas as direcções para evitar ser esmagada. Veja o caso da Aplysia, um pequeno caracol do mar. Se o tocarmos, ele retrai-se, o seu coração começa a bater com maior rapidez, a sua pressão sanguínea aumenta, observando-se a emissão de hormonas em todo o corpo, e o animal emite tinta negra para se esconder face do predador.
Dominique Simmonet: Não me diga que ele tem medo?!
António Damásio: Claro que sim! Assiste-se a um miniconcerto desta emoção que se designa, com efeito, por "medo" e que também nos afecta tal como a este caracol. Mas há uma outra questão: será que a Aplysia sente para si o medo? Neste ponto, duvido. Este animal não representa esta emoção para si próprio, não a pensa, diferentemente de espécies animais complexas que têm, além disso, uma gama de emoções sociais: a simpatia, o embaraço, a vergonha, a culpabilidade, o orgulho, a inveja, a gratidão, a admiração, a indignação, o desprezo... Os pássaros, os cães, os macacos experienciam para si próprios a emoção, o que quer dizer que eles têm a possibilidade de estabelecer uma relação entre a reacção automática do seu organismo e o objecto, o evento ou a pessoa que esteve na sua origem. (...) Penso que os pássaros e os mamíferos têm sentimentos. Ficaria muito surprendido se eles não os tivessem. Os comportamentos destes animais são muito próximos dos humanos."
"António Damásio: A mosca - que apenas possui um sistema nervoso minúsculo - experimenta, ela também, emoções: se a irritarmos, ela põe-se a voar em todas as direcções para evitar ser esmagada. Veja o caso da Aplysia, um pequeno caracol do mar. Se o tocarmos, ele retrai-se, o seu coração começa a bater com maior rapidez, a sua pressão sanguínea aumenta, observando-se a emissão de hormonas em todo o corpo, e o animal emite tinta negra para se esconder face do predador.
Dominique Simmonet: Não me diga que ele tem medo?!
António Damásio: Claro que sim! Assiste-se a um miniconcerto desta emoção que se designa, com efeito, por "medo" e que também nos afecta tal como a este caracol. Mas há uma outra questão: será que a Aplysia sente para si o medo? Neste ponto, duvido. Este animal não representa esta emoção para si próprio, não a pensa, diferentemente de espécies animais complexas que têm, além disso, uma gama de emoções sociais: a simpatia, o embaraço, a vergonha, a culpabilidade, o orgulho, a inveja, a gratidão, a admiração, a indignação, o desprezo... Os pássaros, os cães, os macacos experienciam para si próprios a emoção, o que quer dizer que eles têm a possibilidade de estabelecer uma relação entre a reacção automática do seu organismo e o objecto, o evento ou a pessoa que esteve na sua origem. (...) Penso que os pássaros e os mamíferos têm sentimentos. Ficaria muito surprendido se eles não os tivessem. Os comportamentos destes animais são muito próximos dos humanos."
Etiquetas:
animais não-humanos,
Damásio,
emoções,
mente
sábado, 2 de julho de 2005
Zombies
Tudo indica que a Pittsburgh's Safar Centre for Resuscitation Research conseguiu realizar uma proeza científica notável. Ressuscitar cães após estes terem sido dados como mortos durante três horas. As implicações desta nova tecnologia médica serão inegavelmente importantes no tratamento de situações muito graves. Mas ainda estamos bem longe da realização do desejo humano, a meu ver insensato, de viver para sempre... Que o diga a Sibila de Petrónio!
Aniversário
O Expresso do Oriente celebra hoje o seu primeiro aniversário. No dia 2 de Julho de 2004, iniciei o blog com a seguinte entrada/"post":
Partida
"A nossa memória e o nosso coração não são suficientemente grandes para que possam ser fiéis" Proust, Do Lado dos Guermantes
Será que este blog descarrilou logo à partida?
Partida
"A nossa memória e o nosso coração não são suficientemente grandes para que possam ser fiéis" Proust, Do Lado dos Guermantes
Será que este blog descarrilou logo à partida?
sexta-feira, 1 de julho de 2005
Mrs.William Morris
Quando se cruzam runas, sagas germânicas, pintura do século XIX, o resultado só pode ser William Morris. Aqui recordado através de sua mulher (Jane Burden), neste desenho de Dante Gabriel Rossetti. Jane Burden era considerada pelos pré-rafaelitas o epítome da beleza feminina.
Etiquetas:
Jane Burden,
pintura,
pré-rafaelitas,
Rossetti,
William Morris
Subscrever:
Mensagens (Atom)