Transcrevo um texto de Artur de Aguirre y Mendes, Presidente da Associação de Defesa dos Animais (ANIMAL)
"Em Julho passado escrevi um texto com o título “Santana Lopes, ou o Retrocesso desastroso para os Animais”. Fiz, nesse momento, um exercício honesto e frontal da minha opinião sobre Santana Lopes e o seu universo de colaboradores e a sua relação com os animais. Comecei pelo próprio Santana Lopes, que tentou introduzir a sorte de varas em Portugal (a mais cruel actividade touricida), referi o seu apoio e amizade pelo matador (pessoa que mata) Pedrito de Portugal, de quem foi primeira testemunha no processo a que este toureiro foi submetido após ter morto ilegalmente um touro na arena, continuei pelo seu amigo pessoal, sócio e actualmente Ministro Adjunto, Henrique Chaves, Advogado da Federação Portuguesa de Tiro com Armas de Caça e de todos os clubes de tiro em Portugal – acérrimo defensor do Tiro aos Pombos, e, consequentemente, responsável pela matança * apenas por gozo * de mais de 100.000 animais por ano em Portugal. Não me lembrei, contudo, de Miguel Relvas, Secretário-Geral do PSD, também ele um entusiasta da denominada Festa Brava. [...]
Neste fim de semana, foi aprovada, no congresso do PSD, uma moção na qual se entrega a decisão das touradas de morte às autarquias. Quer isto dizer que cada Câmara Municipal do país decide se faz ou não corridas com sorte de varas e morte do touro na arena. Quer isto dizer que pelo menos 34 autarquias – e isto só agora começou – poderão fazer touradas de morte, como declararam já que iriam fazer. Quer isto dizer que, da forma mais cobarde (“eu, governo, não tenho a culpa, as autarquias é que saberão o que fazem...”), legalizam-se as touradas de morte em Portugal. Quero com isto dizer que, desde que estas “personagens” assumiram o poder – que exercem ao estilo da Velha Senhora –, aproveitam uma maioria absoluta obtida com o apoio do CDS/PP (partido que propôs a legalização de touradas de morte em Barrancos num projecto-lei do agora Ministro do Turismo Telmo Correia, espectador regular de touradas de morte em Espanha), e avançam sem limites para um novo horizonte até agora desconhecido de “evolução civilizacional”. Isto tudo com a visão “profunda e futurista” de Jorge Sampaio, nosso Presidente da República, conhecido aficcionado e a primeira pessoa a dizer em Barrancos que aquela matança deveria ser legalizada.
Esta é a nossa realidade, tão evidente quanto cruel. Este PSD que eu não reconheço em nenhuma das suas vertentes prepara-se para tornar os touros de morte em Portugal legais, seguramente já no próximo ano.
Cada um actuará agora de acordo com a sua consciência. Quais serão agora os limites da pouca vergonha? Para quando a legalização do tiro aos pombos? E, já agora, as lutas de cães e o tráfico de “animais bonitos” como as Panteras ou Tigres de Bengala. E por que não atirar cabras do topo das Igrejas, como em Espanha, e assim dar ao povo circo e vinho verde de forma a distrair as atenções de um futuro tão negro que um potencial processo de recuperação demorará décadas a acontecer!?!...
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Não tenho qualquer dúvida, nenhuma mesmo, que Sá Carneiro não queria que nada disto estivesse a acontecer. Oxalá esta gente se vá embora muito depressa. Urgentemente, até. Os efeitos previstos são, de facto, devastadores.
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Artur de Aguirre y Mendes
Presidente da ANIMAL"
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