Primeira reflexão sobre o texto citado de Joyce no dia 16 de Junho (o Bloomsday). "Inelutável modalidade do visível" - a origem desta expressão tão pomposa é-me desconhecida, mas aqui Joyce (através do seu eterno alter ego, Stephen) pensa em Aristóteles. E, em particular, na obra conhecida pela designação latina, De Sensu et Sensibili. Se o ouvido pode participar e modificar o que ouve, a visão, pelo contrário, não. Daí esta "inelutável modalidade do visível". Por outro lado, Aristóteles parece insistir, neste tratado, que o essencial da visão transcende a cor. O que se vê então? Stephen pergunta-se então se não poderíamos conjecturar sobre a "inelutável modalidade do audível" quando fechamos os olhos.
Associações livres: o passeio pela praia de Sandymount (a poucos quilómetros de Dublin, no local em que o rio Liffey desagua). O nosso olhar quase consegue adivinhar a Inglaterra ali tão perto e omnipresente. Praia cinzenta, atmosfera cinzenta, areia escura, ar pesado sem ser sinistro que se estende até à torre do Ulisses. Uma placa antiga, cheia de ferrugem, dizendo que a praia é reservada a homens...:-). Nova associação: a alegria tão visível de uma jovem cega quando um dia lhe li esta passagem.
1 comentário:
vir aqui é como beber de um elixir, em gotas que suficientes para alimentar não chegam nunca a deixar uma vontade menor de regressar. adoro vir aqui. abraço. J.
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