quinta-feira, 19 de abril de 2007

Selva escura


"Nel mezzo del cammin di nostra vita (a)
mi ritrovai per una selva oscura, (b)
ché la diritta via era smarrita. (a)
Ahi quanto a dir qual era è cosa dura (b)
esta selva selvaggia e aspra e forte (c)
che nel pensier rinova la paura! (b)
Tant' è amara che poco é piú morte; (c)
ma per trattar del ben ch'i' vi trovai, (d)
dirò de l'altre cose ch'i' v'ho scorte. (c)
Io non so ben ridir com'i' v'intrai, (d)
tant'era pien di sonno a quel punto (e)
che la verace via abbandonai." (d)

"No meio do caminho em nossa vida, (a)
eu me encontrei por uma selva escura (b)
porque a direita via era perdida. (a)
Ah, só dizer o que era é cousa dura (b)
esta selva selvagem, aspra e forte, (c)
que de temor renova à mente a agrura! (b)
Tão amarga é, que pouco mais é morte; (c)
mas, por tratar do bem que nela achei, (d)
direi mais cousas vistas de tal sorte. (c)
Nem saberei dizer como é que entrei, (d)
tão grande era o meu sono no momento (e)
em que a via veraz abandonei. (d)

Dante, Divina Comédia, Canto I, 1-12
A tradução é de Vasco Graça Moura e as letras entre parênteses indicam a terza rima: aba; bcb; cdc; ded;...

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