domingo, 9 de março de 2008

"Enstase"


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Fotografia de Ian Walker.

"Enstase" é um termo cunhado por Mircea Eliade para designar um dos momentos capitais do yoga: o samâdhi. Com este neologismo, Eliade quis sublinhar a diferença conceptual desse estado em relação ao êxtase. Enquanto este último supõe uma saída do sujeito para fora de si mesmo, pelo contrário, o "enstase" dá conta desse poder, obtido pelo yoga, em destrinçar o sentimento de si de todos os outros estados mentais, por mais subtis e interessantes que nos pareçam. Deste modo, realiza o movimento inverso ao êxtase e traduz a experiência da percepção pura de si. Esta ideia foi formulada pela escola indiana do Sankhya (literalmente, "discriminação") - uma das escolas de filosofia mais antigas da Índia, escola que teve uma influência enorme na constituição do Budismo -, tendo sido retomada nos primeiros séculos d.C. por Patañjali, um filósofo indiano que determinou os princípios especulativos do yoga (no Yoga Sutra). Como toda a especulação indiana, a obtenção do "enstase" visa um propósito soteriológico: a libertação do sofrimento tanto físico como mental. Nós já não somos a dor que nos domina; a dor está em nós, como qualquer outro estado mental.

1 comentário:

Marta Rema disse...

No outro dia ouvi falar de um conceito da terapêutica psiquiátrica: "insight". Algo como iluminar o interior de si próprio, os problemas e as respostas. Revejo isso um pouco aqui!