sábado, 25 de setembro de 2004

O Telescópio e o Dever

Após meses de hesitação olhando para a caixa do meu telescópio, lá arranjei coragem para vencer a minha ansiedade e iniciar a instalação do mesmo. Confesso que não estava lá muito optimista e a realidade não me desmentiu. Todas as peças têm que ser montadas... até as pernas do tripé têm que ser aparafusadas. Parece um daqueles puzzles com solução prometida para o dia de São Nunca à tarde. Tenho a sensação que a astronomia ao pé disto deve ser uma brincadeira de crianças. Claro que não vou desistir, pois nada há nada mais sublime - assim diz o filósofo de Kalininegrado...:-) - do que a lei moral do dever e o céu estrelado. E até existem uns imperativos que nem são categóricos: o "dito cujo" é bem bonito e eu tenho uma janela num sótão mesmo indicada para ver o céu estrelado de Caxias. Mas uma voz cínica no interior da minha consciência diz-me que deveria ter antes apostado num potente binóculo. Talvez não seja por acaso que os binóculos são cada vez mais utilizados na observação dos céus. Agora, só a voz do dever pode salvar este telescópio..."Muss es sein?" (Tem de ser?) pergunta Beethoven na pauta do último movimento do seu último quarteto. Até podemos cantarolar: Sol, Mi, Lá bemol (pausado). E Beethoven responde logo a seguir..."Es muss sein" (Tem de ser). Lá, Dó, Sol... Sol, Si bemol, Fá (pausado). Para já, ficamos pela música...

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