Sobre a apresentação da peça Tierno Bokar no Brasil, o Estado São Paulo fez uma pequena síntese da vida e obra de Peter Brook que reproduzo:
"Filho de imigrantes russos, Peter Brook nasceu em Londres, em 1925. Formou-se em artes por Oxford e, aos 17 anos, dirigiu seu primeiro espetáculo, Dr. Fausto, de Marlowe. Em 45, faz a primeira montagem polêmica, de Romeu e Julieta, e, em 1962, assumiu a direção do Royal Shakespeare Theatre com a montagem de Rei Lear. Nas décadas de 50 e 60, afirmou-se como um dos grandes encenadores do século 20, tendo dirigido atores como Laurence Olivier, Vivian Leigh e John Gielgud. Montagens como Marat/Sade e O Interrogatório, de Peter Weiss, Rei Lear e Titus Andronicus, de Shakespeare, entre outras, bastariam para selar com brilho a carreira do diretor.
Mas uma guinada radical começou em 1968, quando o diretor Jean-Louis Barrault o convidou para dar um workshop em Paris com atores de vários países. "O encontro de diferentes culturas interessou-me profundamente", disse ao New York Times. Em 1970, Brook despediu-se do Royal Theatre com a famosa montagem circense de Sonho de Uma Noite de Verão e fundou em Paris o Centro Internacional de Pesquisa Teatral. Começou então uma pesquisa que levaria a Orghast, no qual tentava criar uma linguagem abstrata. Mas foi em 1974, já instalado no Théâtre du Bouffes du Nord, que criou as duas primeiras encenações de impacto, Timão de Atenas, de Shakespeare, e Os Iks, história sobre tribos de Uganda. Desde então, dramaturgos como Samuel Beckett e Alfred Jarry ocuparam em seu teatro o mesmo espaço dos africanos Can Themba (Le Costume), Birago Diop (O Osso) ou do poeta persa Farid Attar (A Conferência dos Pássaros). Jamais deixou de encenar Shakespeare, mas trouxe para o universo do bardo a simplicidade aprendida no Oriente: Hamlet tinha apenas tapetes como cenário. "Há muito perdi o interesse em ir ao teatro para admirar habilidades e técnicas de atores e diretores. O que conta é a qualidade da experiência."
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