sábado, 17 de fevereiro de 2007

Reflexões sobre um cubo


O blog Botinhas, inspirado pelo seu homónimo latino (tosse...), decidiu sugerir que eu comprasse este modelo de cubo Rubik. Em vez das 6 cores tradicionais, apenas uma: um branco omnipresente. Diga-se que tem algumas vantagens: posso assim candidatar-me às "olimpíadas Rubik" e vencê-las num piscar de olhos (talvez até em menos tempo...); é esteticamente mais bonito do que os tradicionais (e fica muito bem junto aos Macs e iPods); por outro lado, como diz a apresentação deste modelo, permite-nos reflectir sobre o vazio constitutivo de todas as entidades, assim como dotar-nos da responsabilidade moral de escolhermos a nossa própria solução para os problemas da vida. Acrescentaria ainda um ponto: se a realidade se reduzisse a uma única instância, o que se poderia fazer com ela? Será que a nossa tendência natural para pensarmos que a unicidade é a chave racional de todas as questões - que nos leva, por exemplo, a privilegiar instintivamente o monoteísmo em face do politeísmo pagão - é uma crença justificada? E as soluções alternativas: o que se pode fazer com um Rubik a duas cores (estilo sequência digital 0/1 ou, na sua vertente oriental, yin e yang)? E com quatro cores (por exemplo com os quatro nucleótidos da sequência do ADN, a saber, Guanina, Adenina, Timina, Citosina - mnenmónica, GATACA)? As combinações podem ser mesmo muitas, mas apenas são úteis enquanto instruções de um código... Daí que a solução de Espinosa ainda me pareça a mais racional e a mais feliz: uma única substância e um número infinito de atributos. Daí ficar à espera de um Rubik com um número infinito de cores... mas, para já, não me importava de ter um assim ;-) Ao que parece custa apenas algo equivalente a uns 20 euros....

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