domingo, 8 de agosto de 2004

O Enigma de Catilina

Já vão longe as minhas aulas de Latim. Mas ainda ressoa na minha cabeça - tantas vezes a ouvi - a famosa interrogação de Cícero: "Quosque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?" (Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência?"). Esta questão insere-se nas Catilinárias, os discursos de Cícero contra o seu rival Catilina. Mas quem era, na verdade, Catilina? Ninguém sabe bem...daí o título do romance histórico de Steven Saylor, Catilina's Riddle (O Enigma de Catilina). Será que, como conta Cícero, Catilina era um político romano depravado movido pelo desejo de destruir a República ou, pelo contrário, representava a voz do progresso em rota de colisão com os interesses dos Optimates (a aristocracia romana)? O romance de Saylor é bem sugestivo e, como diz Ruth Rendell, na publicidade da capa da edição portuguesa: "tem um saber de cortar a respiração e uma escrita cativante". O que eu gostei mais no romance foi a recriação pormenorizada da vida diária de um romano às voltas com a sua quinta na Etrúria. Fiquei também atónito com o número de políticos ilustres que circulam em Roma nos anos de 63-62 a.C. Para lá de Cícero e de Catilina, deparamos com César, Marco António, Crasso, Pompeu, entre tantos outros. Será que a história empolgante de Roma se resume a poucas décadas? Excelente tradução portuguesa de Maria José Figueiredo para as edições Quetzal.

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