terça-feira, 3 de agosto de 2004

Turistas e Viajantes

O escritor americano Paul Bowles dizia algures no romance The Sheltering Sky ("O Céu que nos protege") que existe uma diferença capital entre se ser “turista” e “viajante”. O turista é aquele que mal chega a um determinado local estranho pensa logo voltar a casa; o viajante é aquele que pode nunca mais voltar. Os romances de Joseph Conrad e, em particular, Heart of Darkness (Coração de Trevas) são a expressão mais viva da situação do ser humano como “viajante” e de como ele tantas vezes se ilude, pensando que é apenas um “turista” ou mesmo um “marinheiro”. Sobre Marlow, o principal personagem das suas obras, e também de Heart of Darkness, diz o narrador: “Ele era um marinheiro, mas era também um viajante, pois a grande maioria dos marinheiros leva, se assim se pode dizer, uma vida sedentária.” Marlow, paradigma da natureza nómada, mais ou menos revelada, mais ou menos oculta de todo nós.

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