domingo, 13 de maio de 2007
As Mulheres de Hitler
Desconfiança e curiosidade foram os primeiros sentimentos que senti em face deste livro, traduzido para português pela Editorial Estampa ("As Mulheres de Hitler"). Mas a curiosidade acabou por vencer - e ainda bem -, pois trata-se de um dos estudos mais sugestivos sobre a época nazi. Afinal mais interessante do que o próprio Hitler - que, como dizia Karl Kraus, não o fazia pensar em nada ("es faellt mir nichts eins") -, são as figuras femininas que o rodeiam. Habitualmente pensamos em duas: a fiel Eva Braun com quem Hitler casou pouco antes de ambos se suicidarem no bunker de Berlim e a "pátria alemã" (pois todos os ditadores gostam de proclamar o casamento sagrado com a Nação). Esquecemo-nos no entanto que, em torno de Hitler, estiveram figuras tão importantes como a realizadora Leni Riefenstahl, a inglesa Winifred Wagner (que durante longos anos dominou a vida artística em Bayreuth), a aviadora temerária Maria Reiter, a sobrinha de Hitler (Geli que se suicidou misteriosamente e que foi certamente um das grandes paixões do Fuehrer), Magda Goebbels (que só casou com Goebbels para poder estar sempre próxima da paixão da sua vida, leia-se o "tio Adolfo"), entre tantas outras. É gratificante confirmar o que sempre se intuiu: Leni Riefenstahl foi uma mulher de enorme carácter que nunca teve medo de dizer o que pensava. São vários os momentos em que Leni denuncia abertamente a Hitler o carácter racista do regime e foi provavelmente uma das poucas pessoas a fazê-lo sem que o ditador perdesse a cabeça (a mesma sorte não teve Henriette Schirach que denunciou em pleno Berghof o tratamento desumano dos judeus que tinha presenciado na Holanda).
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