sexta-feira, 18 de maio de 2007

Lalibela



A imagem dominante na Europa da chamada África subsaariana, até meados do século XX, esteve claramente ao serviço de interesses coloniais, assumidos, aliás, sem qualquer pudor. Daí a visão tradicional de que essa zona de África era desprovida de civilização (qualquer que seja a definição atribuída a este conceito). Não existiriam cidades nem formas de escrita, apenas uma zona "selvagem" e "primitiva" em que o grau de progresso se mediria pelo número de palhotas. Hoje sabemos que essa imagem é completamente falsa. E gostaria de dar um exemplo: o reino de Lalibela que foi dominante nos séculos XII e XIII na Etiópia ("Lalibela" é, aliás, actualmente uma cidade sagrada etíope). Gebre Mesqel Lalibela que reinou na Etiópia durante essa época decidiu construir uma "Nova Jerusalém", após a "velha Jerusalém" ter sido conquistada pelo Islão. Adepto de um cristianismo próximo da ortodoxia copta, Lalibela dirigiu a construção de uma obra arquitectónica única que ainda hoje causa espanto e admiração. Pêro da Covilhã e o sacerdote Francisco Álvares são os primeiros portugueses e europeus a conhecerem a obra monumental de Lalibela. Como verão, as surpresas da África subsaariana não terminam por aqui...mas fica-nos uma questão óbvia, cuja resposta desconheço: o reino mítico cristão de Prestes João, situados algures a Oriente, terá algo a ver com esta realidade bem histórica da Etiópia?

2 comentários:

hfm disse...

Gosto tanto do que aqui sempre aprendo.

Marta Rema disse...

É sem dúvida uma possibilidade bem interessante.