sexta-feira, 15 de outubro de 2004
A Morte da Leitura
"À medida que os glossários crescem, que as notas de rodapé se tornam mais elementares e didácticas, o poema, a epopeia, o drama, vêem o seu equilíbrio destruído na mancha de impressão da página. À medida que até as referências mitológicas, religiosas ou históricas mais básicas que constituem a gramática da literatura do Ocidente, vão necessitando de elucidação, os versos de Spenser, de Pope, de Shelley ou de Sweeney among the Nightingales, perdem a sua claridade imediata. Quando se torna forçoso anotar cada nome próprio e cada alusão clássica do diálogo entre Lorenzo e Jessica no jardim de Belmont ou cada aspecto de pormenor da retórica dissimulada de Iachimo quando entra nos aposentos de Imogen, estas obras deslumbrantes de um sentimento espontaneamente actualizado vão-se tornando mais "literárias" e duplamente distantes" George Steiner, No Castelo do Barba Azul
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