segunda-feira, 28 de março de 2005

António Franco Alexandre

"Já a luz se apagou do chão do mundo,
deixei de ser mortal a noite inteira;
ofensa grave a minha, que tentei
misturar-me aos duendes na floresta.
De máscara perfeita, e corpo ausente,
a todos enganei, e ninguém nunca
saberia que ainda permaneço
deste lado do tempo onde sou gente.
Não fora o gesto humano de querer-te
como quem, tendo sede, vê na água
o reflexo da mão que a oferece,
seria folha de árvore ou sério gnomo
absorto no silêncio de uma rima
onde a morte cessasse para sempre."

António Franco Alexandre, Duende

1 comentário:

Anónimo disse...

e a música chega no Duende do poeta,
é um canto pelo ermo que nos ajuda a resistir à trágica condição de saber ver...é a ataraxia possível de cada dia na pele do duende
que este senhor poeta
aqui nos deixa como folha a rodopiar...
é bom ouvir as suas leituras!