No século XI, travou-se uma batalha entre dois exércitos japoneses junto das margens do rio Koromo. No momento do desenlace final entre o general vencedor e o vencido, o primeiro decidiu proclamar a sua vitória com um poema (renga/haiku): 'Rasgado em pedaços está o tecido do vestuário!' O general vencido, mesmo à beira da morte, apressou-se a completar o segundo verso do poema: 'Desde o momento em que o tempo deteriorou os fios com o uso.' O vencedor não hesitou: deu meia volta e deixou em paz aquele que tinha derrotado pelas armas, mas que tinha vencido pelo espírito.
3 comentários:
Excelente, esta história. Posso perguntar onde a descobriste ou mesmo se é da tua autoria?
lembra a troca de armas e escudos entre Glauco e Diomedes (hesito neste último, espero que a memória não me esteja a atraiçoar), quando descobrem durante o combate que um dos seus antepassados devia honras de hospitalidade aos do outro. e celebram as tréguas, terminando o combate, trocando armas de valor desigual até. um exemplo que homero nos deixa, e que atravessa os tempos como a luz das estrelas o universo. Jorge
Esta história é descrita num dos poucos livros publicados em português sobre o Xintoísmo (Edmond Rochedieu, Xintoísmo e novas religiões do Japão, trad.port. de José Pinto, Editorial Verbo, Lisboa/São Paulo, pp.166-7). Com a excepção dos versos, o texto que surge no "post" é meu.
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