Apesar da cultura celta nos ser tão próxima (será que já esquecemos os "celtiberos"?), o nosso fascínio por uma das mais importantes culturas indo-europeias queda-se habitualmente por um olhar distraído em relação às secções ditas de "música celta" que existem em quase todas as lojas de música.
Relembremos um dos seus principais mitos, o mito de Tir na nÓg, narrado pelo grande poeta Yates:
"Há um país chamado Tir na nÓg, ou seja, "Terra dos jovens", porque a velhice e a morte ainda não deram com ele, nem as lágrimas ou o riso grosseiro dele se aproximaram. Um bosquedo umbroso cobre-o perpetuamente. Apenas um homem foi até lá e regressou. Oisin, o bardo, que, largando sobre o dorso de um cavalo branco e deslocando-se à superfície das águas com a sua fada Niahm, nele viveu trezentos anos e dele regressou, em busca dos seus camaradas. No instante em que tocou terra firme com o pé, os seus trezentos anos despenharam-se sobre ele e vergaram-no de tanta sujeição, e a sua barba varreu o chão. Antes de morrer, descreveu a Patrick a sua estadia na Terra da Juventude. Desde então, muitos têm avistado este país em muitos lugares; alguns no fundo dos lagos, e escutaram um vago dobrar de sinos subindo até si; outros, mais numerosos, no longe do horizonte, à medida que venciam os penhascos da costa ocidental. (...) De acordo com inúmeros relatos, Tir na nÓg é a preferida das fadas. Alguns dizem que é um país triplo - a ilha dos vivos, a ilha das vitórias e a terra submersa."
Yates, As Tribos de Danu. Escritos sobre a tradição e a mitologia irlandesa, (1888-1902), trad.port., sl, Usus Editora, 1995, p.36.
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