Viver em Alexandria no século V d.C. era extremamente perigoso. O conflito entre cristãos tolerantes e filósofos pagãos, por um lado, e cristãos dogmáticos, por outro, atingia o seu auge na antiga capital da cultura clássica. Nas palavras do bispo cristão, Sinésio (Synesius) de Cirene, existem pessoas que não se importam de usar o nome de Deus para afirmar ou negar o que desejam. Sinésio era amigo e discípulo de Hipácia (ou Hypatia) de Alexandria. Filha do filósofo Téon, dedicou-se como o seu pai à filosofia neoplatónica, à matemática e à astronomia. Em todos estes domínios, Hipácia foi excelente, tornando-se o ponto de referência intelectual da época. No ano de 415, uma multidão de "cristãos" fanáticos arrastou-a nua pelas ruas, desmembrou-a, ainda viva, com cascas de ostra numa Igreja, lançando, por fim, os restos do seu corpo ao fogo. Crime horrrendo feito «em nome de Deus». Será que as palavras do decálogo são, assim, tão difíceis de entender?
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