quinta-feira, 29 de julho de 2004
A Roda da Vida
O realizador coreano Kim Ki-duk surpreendeu tudo e todos. Já com um excelente curriculum cinematográfico, Ki-duk é sobretudo conhecido por filmes nos quais a violência é o tom dominante. Recentemente (2003/04), realizou um filme em que procura reflectir sobre a espiritualidade budista. O filme tem um título curioso: "Primavera, Verão, Outono, Verão... e Primavera". Nele retrata a história da vida de um monge desde a sua infância à maturidade. Grande parte do filme, é realizado num dos locais mais belos do planeta, o lago Jusan na Coreia. Para poder aí realizar, foram necessários meses de negociações com o Ministério do Ambiente... Sentimentos como a alegria, o ódio, a tristeza e o prazer são dissecados à medida em que as estações se sucedem. Em exibição, no Quarteto.
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1 comentário:
Um filme que retrata, em parte, a dificuldade que o ser humano tem em lidar com a extrema crueldade da grande cidade, embora não se chegue a ver nenhuma. O pupilo parte, ainda puro, atrás da sua amada, supomos que para a cidade ou para outro meio onde se cruzam indíviduos diversos e no qual temos de lidar com eles - o pupilo não estava preparado, "ela disse que me amava e fugiu com outro". O mestre, que acerta de uma assentada na lata que os detectives há tanto tempo tentavam atingir com as suas pistolas, os seus meios de trabalho que, supostamente, dominariam - o que lhes falta?
Ele matou uma mulher e voltou, cheio de raiva, acabando por continuar o ciclo do mestre, dando origem, ele próprio, a um novo sutra, derivado do único ensinamento que verdadeiramente estava enraízado no seu coração; afinal de contas, o peixe morreu, a cobra morreu. Será que o seu pupilo se deixará levar, como ele, pela sensualidade alheia e fugirá atrás dela, para depois voltar, cheio de raiva e perseguido por um crime e, assim sendo, que crime terá cometido o mestre do primeiro, "fechado" antes de morrer, incólume às chamas?
Apesar de toda esta psicologização, um filme muito bonito, mas triste.
Espectador.
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