A Filosofia no Trono

Catarina II da Rússia, conhecida como Catarina a Grande, intitulava-se a si mesma "uma filósofa no trono". Antes de ser Ekaterina II, chamava-se Sophie Augusta Fredericka e era princesa da Saxónia. Tudo indica que participou no golpe de 8 de Julho que afastou do poder o seu marido, Pedro III, assim como no seu assassinato quando este já estava na prisão. A razão invocada na deposição foi de Estado. A Rússia, aliada da Saxónia, da Áustria e da França, estava em guerra com a Prússia e com a Grã-Bretanha na chamada primeira guerra realizada à escala mundial, desde a América até à Índia, a Guerra dos Sete Anos. Ora, Pedro III era de "alma e coração" pró-prussiano, o que não convinha nem à Rússia nem à Saxónia. Em 17 de Julho de 1762, Catarina II sobe ao poder e torna-se czarina. O seu reinado será marcado pelo fascínio em torno da filosofia e dos ideais iluministas. Grande admiradora de Voltaire, de Montesquieu e de Beccaria, praticamente "rapta" o génio matemático cego Euler para a sua corte. A sua vida privada é marcada por vários escândalos, mas que apenas lhe granjearam a fama de "grande sedutora". À sua volta têm-se construído inúmeros mitos, nomeadamente que ansiava por possuir o lendário conjunto de xadrez Montglane atribuído a Carlos Magno. Sobre Catarina e este enigmático conjunto de xadrez, recomendo vivamente como "leitura de férias" o célebre romance de Katherine Neville, "The Eight", já traduzido em dois volumes pela Europa-América.