Hoje é apresentado no British Museum (Reading Room) a última grande aquisição deste museu: uma estátua de Buda do período Gupta. O valor da aquisição foi de tal modo elevado (800.000 libras) que o BM fez um acordo com outro museu inglês, o V&A. Em face deste acordo, cria-se uma situação sui generis, pois a estátua vai circular entre os dois museus. É o que se chama a lei da impermanência aplicada a uma obra de arte.
Gupta é a designação usual da idade de ouro da cultura indiana (séculos IV e V dC). Em termos religiosos, significou o triunfo do hinduísmo sobre o budismo e o jainismo. Este período é geralmente associado a um momento fabuloso na arte indiana. É a época do teatro trágico de Kalidasa, cuja peça "Shakuntala" encantou Goethe e os românticos. Foi certamente na era Gupta que o Mahabharata (e um tal Bhishma...) assumiu a sua forma definitiva. A arte budista Gupta é bem sugestiva. Tenho uma pequena estátua de Gotama, o Buda, com este estilo. A diferença é que, para lá de ter o valor de uns 25 euros, é toda em preto e os olhos de Buda estão totalmente fechados. Mas o cabelo encaracolado e as orelhas de elefante não enganam ninguém...Ficou-me uma dúvida sobre esta transacção: quem é que vendeu a estátua aos dois museus britânicos? A transparência é sempre boa conselheira nestas matérias...
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