terça-feira, 6 de julho de 2004

A Sombra de Chéreau

Foi certamente uma triste notícia, para quase todos os wagnerianos, o abandono de Lars von Trier da produção do “Anel do Nibelungo”, programada para a edição de 2006 do festival de Bayreuth. A razão apontada – no mundo em que vivemos – não deixa de ser curiosa. O realizador, depois de vários anos de trabalho, declara que não se sente à altura. Confissão de humildade que contrasta com as declarações de Konwitschny segundo as quais o facto de nunca ter sido convidado para o Festspiel de Bayreuth era “uma perda para a Alemanha”. Depois de vários contratos já assinados, não vai ser nada fácil substituir o realizador dinamarquês. Pergunto-me se Wolfgang Wagner e a sua devota filha, antes de tomarem uma decisão, não vão esperar pela exibição do Parsifal de Christoph Schlingensief no próximo dia 25 em Bayreuth… em tempo de crise, nada melhor do que um escândalo. Já passaram quase trinta anos e a sombra genial de Patrice Chéreau envolve ainda qualquer anel que se preze.

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