segunda-feira, 26 de julho de 2004

Wagner em Paris

É lendário o tumulto que rodeou a estreia da obra de Stravinsky,"A Sagração da Primavera" em Paris, no ano de 1913. Menos conhecida, mas não menos significativa, foi a recepção parisiense ao "Tannhäuser" de Wagner em 1861. Paris era nessa época a capital da ópera, a um ponto tal que, esta última, era considerada um assunto de Estado. Qualquer compositor que quisesse triunfar no mundo musical teria que se apresentar em Paris. Após múltiplas tentativas, Wagner consegue exibir finalmente o "Tannhäuser" ao público parisiense. Segundo reza a lenda, imperava sobre a ópera de Paris um clube conhecido como o Jockey Club, cujos membros pertenciam à aristocracia e à burguesia rica da capital francesa. Ao que parece, costumavam jantar até tarde e só apareciam no segundo Acto. E porquê no segundo acto? Pela simples razão que na ópera parisiense era regra de ouro haver uma cena de ballet no segundo acto que era apreciado, não tanto como dança, mas, sim, como uma passagem de modelos. Wagner querendo inovar - e não conhecendo o exótico costume... - colocou a cena de dança no primeiro acto. Pode-se imaginar a estupefacção e o desagrado dos membros do Jockey Club quando se aperceberam que tinham perdido o "ballet"... Para piorar as coisas, Wagner não só era alemão como tinha sido recomendado pela princesa Metternich. Os assobios, os apupos, as manifestações anti-austríacas e alemãs irromperam por todo o lado; como alguns wagnerianos procuraram defender o seu mestre, houve cenas de pugilato que obrigaram os cantores a sentarem-se no palco durante mais de 15 minutos...Hoje, o "Tannhäuser" é uma das obras mais populares da música ocidental em França e em todo o mundo.

1 comentário:

Joao disse...

Conclusão: há gente imbecil em todo o lado. Até no Jockey Club de Paris.