quinta-feira, 13 de janeiro de 2005
As Raízes da Solidão
"Há alguns anos, as pessoas queixavam-se de que as famílias tinham deixado de conversar, quando à noite se reuniam diante da televisão. Hoje, já nem isso se consegue: cada um tem um televisor para ver o seu programa preferido. Penso, todavia, que quando as pessoas se queixam de solidão, não estão só a falar de tudo isto. O sentimento de solidão que assola o homem moderno é muito mais profundo e existencial. Primeiro tem a ver com o facto de, nas cidades, estarmos separados da natureza e dos elementos. Em frente de uma lareira ou à beira-mar sentimo-nos acompanhados (...) No campo, o vento, a terra (...) os pássaros fazem-nos companhia. Nunca será o mesmo estar sozinho na praia ou num apartamento climatizado, onde o único ruído que nos chega é o ronronar do ar condicionado, pontuado pelo clamor das buzinas. Quem passa horas a fio em escritórios, onde não chega a luz do dia nem um sopro de vento, está hermeticamente isolado do mundo natural e, por conseguinte, de uma parte importante de si próprio. No entanto, embora terrível, essa não é ainda a pior amputação. (...) Não só não nos conhecemos, como temos medo de nos conhecermos: um minuto de silêncio e de inactividade causa-nos pânico." Tsering Paldrön, A Alquimia da Dor, Pergaminho, p.40
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